Introdução
Podemos
definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que
os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 (Golpe Militar que
derrubou João Goulart) a 1985(eleição de Tancredo Neves). Caracterizou-se pela
falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura,
perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
O golpe militar de 1964
A crise política se
arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João
Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de
João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais.
Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a
preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários,
banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada
do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo
vivia o auge da Guerra Fria.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar
até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras
brasileiras, temiam um golpe comunista.
Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o
Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe
de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o
Brasil enfrentava.
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na
Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste
plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e
educacional do país.
Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma
manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com
Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da
cidade de São Paulo.
O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No
dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para
evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os
militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número
1 (AI-1). Este cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira
a estabilidade de funcionários públicos.
Castello
Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da
República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a
democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
Estabeleceu eleições indiretas
para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares
federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus
direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam
intervenção do governo militar.
Em
seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o
funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a
Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de
certa forma controlada, o segundo representava os militares.
O
governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para
o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e
institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após
ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por
protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país.
A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata
dos Cem Mil.
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas
em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar.
Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram
embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional
Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou
juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a
repressão militar e policial.
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA
Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos,
exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a
Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em
casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou
subversiva".
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas
forças de repressão em São Paulo.
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio
Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do
período, conhecido como "anos de chumbo". A repressão à luta armada
cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais,
revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são
censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são
investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento
de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua
como centro de investigação e repressão do governo militar.
Ganha
força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do
Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.
Na área
econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou
conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa
de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com
investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou
uma base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de
empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas,
como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.
Porém,
todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no
futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada
para os padrões econômicos do Brasil.
Em 1974
assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de
transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre
econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a
recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os
créditos e empréstimos internacionais diminuem.
Geisel
anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa
a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o
Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes
cidades.
Os
militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel,
começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o
jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São
Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em
situação semelhante.
Em 1978,
Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta
da democracia no Brasil.
A vitória
do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O
general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito
de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados
e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a
repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da
OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba
explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora
provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha
sido provado.
Em 1979,
o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam
a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS,
enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos
Trabalhadores ( PT ) e o Partido Democrático Trabalhista ( PDT ).
A Redemocratização e a Campanha
pelas Diretas Já
Nos últimos
anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta
e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de
novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984,
políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de
brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à
aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele
ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos
Deputados.
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.
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